Neste passado sábado, dia 14 de outubro, o Salão Nobre do Teatro da Trindade foi palco de um encontro entre as artistas vencedoras da 1ª edição do Projeto Vagabundas e o público. Este momento contou ainda com a presença de um painel de oradoras, constituído por três mulheres que são para nós uma inspiração, a Nádia Torres, ilustradora e joalheira de Mértola, Natália Luiza, atriz, encenadora e diretora artística do Teatro Meridional e Cláudia Lucas Chéu, dramaturga, autora e cronista, seguindo-se de um debate moderado por Miguel Maia.
Foi possível conhecer de perto o trabalho em progresso de Catarina Vieira, Lugar X, que tendo iniciado na Mina de S. Domingos, já passou por Sines e agora assenta arraiais em Marvila, para além da investigação intimamente ligada à música, pela Marta Xavier, que propõe um triálogo entre a Mina, a Mercedes e ela própria. As oradoras convidadas partilharam com o público os seus percursos artísticos, e de como o fato de serem mulheres influenciou as suas carreiras, na interseção da criação feita longe dos grandes centros.
O nome Vagabundas vem do segundo livro de memórias de Mercedes Blasco, que foi uma extraordinária actriz, escritora e activista que, na viragem do século XIX para o XX, desafiou as convenções do patriarcado de forma corajosa, através da sua paixão criadora: o teatro. Pouca gente conhece este nome, e este projeto visa não só resgatar a sua memória, como prestando-lhe tributo dando visibilidade a artistas mulheres que se proponham a desenvolver trabalho em zonas periféricas ou desertificadas. Tendo sido a casa profissional de Mercedes Blasco entre 1890 e 1894, o Teatro da Trindade foi assim novamente o seu palco.
Fotos de ©Sónia Godinho.
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