É com muito prazer anunciamos as três finalistas selecionadas pelo júri desta edição constituído por Ana Bigotte Vieira, Cucha Carvalheiro e Jorge Palinhos. Após um período de deliberação, no qual foram analisados 86 textos considerados elegíveis, a escolha recaiu sobre as seguintes obras candidatas:
Belisa Branças Luz Ribeiro Telma Fernandes
“Das Cinzas ou das Brasas” “Lacuna” “Papel Passado”
Sobre cada uma das obras selecionadas, o júri escreveu:
“Das Cinzas ou das Brasas é um texto tenso, que procura dar conta da fluidez das relações humanas de hoje, determinadas pela precariedade, pela efemeridade, que mergulha nos interstícios das relações humanas na atualidade, de forte mediação informática, que oscila entre a impessoalidade dos encontros fortuitos e o confessionalismo perante as massas, entre o cinismo desesperado e a inocência comercial, entre o banal interminável e o místico fugaz, na busca de um teatro que dê conta que somos todos bodes expiatórios sacrificados em honra de nenhum deus.”
“Em Lacuna, peça escrita como que em jeito de homenagem a uma avó esquizofrénica, a falta de palavras serve como mecanismo teatral para dar a ver uma ausência que por vezes é suprimida em cena de maneira intuitiva, contrariando o dispositivo racional da branquitude, o mesmo que, no limite, molda a vida da avó, motivando (possivelmente) a sua doença. Lacuna é então, e entre outras coisas, um longo poema-reflexão sobre uma avó negra vista aos olhos da infância e teorizada hoje, à luz de um presente que não se quer passado, e, como tal, necessariamente anti-racista. Para que possa haver futuro.”
“A autora de Papel Passado cria uma ficção em torno de duas personagens que nos confrontam com a violência, a repressão política, social e até sexual no tempo da ditadura militar brasileira. Numa época como esta em que vivemos, em que a extrema-direita ganha terreno na Europa e regimes autoritários grassam por todo o globo, fomos sensíveis à pertinência de um tema que muitos querem branquear e os mais incautos desconhecem.”
As três finalistas vão iniciar agora um processo de mentoria e eventual aprimoramento dos textos, com o acompanhamento de cada um dos elementos do júri, o qual se prolongará até final do mês de agosto.
Parabéns às 3 autoras finalistas e desejamos a todas um excelente período de mentoria.
Em outubro ficaremos a conhecer a vencedora, que será premiada com o valor pecuniário de 750€ e incluída na programação da 8ª temporada do Festim de leituras de textos de teatro - Esta noite grita-se, que se realiza de outubro a dezembro de 2024, para além ser editada em livro, através da parceria com a editora Douda Correria.
No total das quatro edições do Prémio foram recebidas pela organização mais de 430 candidaturas provenientes de vários países de língua portuguesa. Na presente edição, cerca de 60% dos textos eram de autoras de nacionalidade portuguesa, sendo a brasileira a segunda mais representada com 34%.
Mais informações sobre a 4ª edição do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina no site www.cepatorta.org/premio-literario.
A Companhia Cepa Torta é apoiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
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